A Educação Parental é a nova forma de proteger crianças e adolescentes, para que eles cresçam protegidos física, emocionalmente e mentalmente. Mas, você sabe exatamente o que é Educação Parental e como ser um educador Parental?

A nossa entrevista hoje é com a Jacqueline Vilela, CEO da Parent Coaching Brasil e organizadora do Congresso Internacional de Educação Parental. O objetivo é tirar todas as suas dúvidas sobre esse assunto tão importante e entender quem pode ser Educador Parental.

Começamos a escutar mais esse termo Educação Parental, mas eu vejo muita confusão ainda sobre o assunto. O que é a Educação Parental?

Eu quero começar pelo básico. 

Educação significa dar a alguém todos os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento físico, mental e emocional de crianças e adolescentes. Educar é cercar de cuidados para que eles sejam capazes de desenvolver a sua personalidade e o autoconceito positivo.

Parental é relativo a pai e mãe. Pessoas que conjuntamente ou separadamente assumem o cuidado de uma criança ou adolescente.

Quem pode ser um Educador Parental? Eu achava que eram somente os profissionais.

Não. Os pais naturalmente exercem a educação parental e é extremamente importante que se sintam capazes para assumir esse papel com segurança e confiança, porque os filhos dependem de interações familiares saudáveis para florescerem.

Eu também costumo dizer que a educação parental já entrou dentro das escolas. Antigamente os conceitos de educação e parentalidade eram bem divididos, já hoje esse cuidado com a criança ou adolescente, que naquele determinado momento está sob os cuidados de um professor, para que ela seja capaz de desenvolver e expressar a sua plena personalidade já é também função da escola. Por isso, eu defendo que o professor também é um educador parental.

Então, respondendo mais diretamente a pergunta, quem pode ser educador parental? Além de pais e professores, todo adulto que cuida ou tem influência sobre uma criança ou adolescente também exerce a educação parental, seja um líder comunitário, pediatra, fonoaudiólogo, psicólogo, psicopedagogo, assistente social, fisioterapeuta, entre outros.

Todas essas pessoas trazem algum elemento que acaba ajudando essa criança ou adolescente a construir aspectos da sua personalidade.

Poderia nos dar um exemplo mais concreto dessas outras formas de exercer a educação parental?

Claro. Vou dar o exemplo da minha filha, que com 11 anos descobriu uma escoliose idiopática de 46 graus. Depois da descoberta, aqui em casa cuidamos para exercer uma educação parental que acolhesse e a deixasse expressar suas emoções frente a essa nova descoberta. 

Em casa ela se sentia acolhida, mas a vida não é uma bolha. A escola teve que ser envolvida porque a minha filha usaria um colete 23 horas por dia e eu precisava garantir que ela se sentiria segura em tirar e colocar o colete, em guardá-lo em local seguro, mas principalmente, que os professores pudessem lidar com essa nova realidade de forma natural. Eles foram fundamentais como educadores parentais para que a minha filha também sentisse que podia estar neste lugar sem julgamentos.

Além disso, minha filha precisou de tratamento específico para escoliose, com o objetivo de evitar uma cirurgia na coluna. Nesse momento entrou toda a equipe de fisioterapeutas da escoliose Brasil, que inclusive chamou uma adolescente que já usava colete para bater um papo com a minha filha. O incentivo, o cuidado, o carinho proporcionado pela equipe também faz parte dessa humanização, dessa educação parental que todo profissional deveria ter (mas que infelizmente falta a muitos).

Qualquer ponta que falhe nesse cuidado pode comprometer a formação integral dessa criança ou adolescente.  Infelizmente eu presenciei casos de adolescentes que entraram em depressão por cuidados errados com a escoliose, justamente porque quando só o olhar técnico é considerado, a humanidade sai.

Exercer a educação parental hoje é cuidar das famílias, da criança e do adolescente. Todo mundo fazendo a sua parte, não importa qual o tamanho dela, mas com consciência e amor.

É possível exercer então a educação parental sem se formar para isso?

A educação parental é exercida no dia a dia, naturalmente.. Nesse mundo tão acelerado, só os pais não conseguem sozinhos compreender todos os aspectos da educação de uma criança ou adolescente. Muitas vezes é um professor que percebe uma mudança de comportamento no aluno e comunica aos pais, outras vezes um adolescente vai se abrir com alguém que confia da igreja que frequenta, e assim por diante. Essas são formas naturais de exercer a educação parental.

Ocorre que esses adultos nem sempre têm as ferramentas certas para isso. Lhes faltam repertório emocional, capacidade de lidar com conflitos, conhecimento do mundo da criança e adolescente. O mundo mudou muito rápido e os adultos deveriam se atualizar para conseguir exercer o seu papel de forma eficiente.

Muitos profissionais que eu citei acima perceberam que os recursos dados na faculdade não compreenderam as mudanças na educação parental. Os pediatras, por exemplo, já perceberam que só a prescrição de remédios e acompanhamento do crescimento da criança não são suficientes.

Eu gosto de dar como exemplo a Dra Filó, que brilhantemente deu uma palestra de 45 minutos (e que viralizou na Internet) falando sobre as dificuldades que enfrenta no seu consultório. O que ela falou é educação parental pura!

“Observo que muitos pais não dão limites aos filhos não porque não querem, mas porque não sabem. Eles me procuram para me pedir ajuda sobre como impor limites aos filhos. Eu tento ajudar, mas esse papel é de pai e mãe. Pode buscar ajuda, o que não pode é deixar de tentar”, diz.

Eu tenho vários pediatras no meu curso de formação em Educação Parental, justamente buscando recursos para conseguir ajudar os pais dentro dessa demanda.

Então, esse movimento de se especializar em Educação Parental também me parece ser natural, é isso?

Isso mesmo. Muitos profissionais se sentem aflitos por não saber (porque nem imaginavam que isso aconteceria) como lidar com os pedidos inusitados dos pais. Então eles procuram a Parent Brasil para se especializarem em educação parental e assim terem ferramentas seguras para conduzir esse tipo de demanda.

Tenho relatos lindíssimos de profissionais que mudaram a sua prática depois de se certificar pela Parent.

Está ficando mais claro, mas popularmente a educação parental ficou mais conhecida pela figura do educador parental, que é o profissional responsável por conduzir os pais para uma educação mais positiva e amorosa.

Alguns profissionais se especializam para exercer com mais eficiência as suas profissões de origem e isso é extremamente eficiente e potencializador! 

Há também os que decidiram se profissionalizar como Educadores Parentais, justamente para ajudarem os pais a resgatarem essa educação parental mais consciente. Esses profissionais são cada vez mais necessários!

No entanto eu alerto que para exercer profissionalmente a educação parental, busque realmente uma formação adequada e não cursos de finais de semana.

Isso remete a minha próxima pergunta: Como ser um educador parental de forma profissional?

Antes de responder a essa pergunta é importante reforçar que a educação parental não é exclusividade de nenhum método existente no mercado. É uma terminologia que se popularizou, como eu expliquei nessa entrevista, e que pode ser exercida de forma natural/informal e de forma profissional.

Quando exercida de forma profissional é necessário escolher um método seguro e confiável, que gere resultados para as famílias. Estamos lidando com sistemas familiares, por isso tome cuidado para não escolher apenas pelo preço ou pela facilidade de ser um curso de final de semana (benefício rápido).

É necessário avaliar os resultados que os profissionais formados conseguem gerar aos pais, avalie se tem uma metodologia, se tem suporte e profundidade.

O educador parental pode escolher o coaching parental, teen coaching, coaching educacional, a disciplina positiva, a parentalidade consciente, a educação emocional, a comunicação não violenta, entre outras.

Muitos mesclam os métodos, porque ser educador parental é se atualizar sempre! 

Por onde começar quando se deseja ser um educador parental?

Na Parent nós decidimos trabalhar com as estruturas familiares. O motivo? Ela é a mola propulsora de uma família e a responsável por criar os comportamentos dos filhos.

Nossos alunos aprendem a identificar a dinâmica da família para a partir dela construir uma nova arquitetura familiar mais coerente com o que a família deseja, fazendo com que crianças e adolescentes se transformem positivamente em todos os sentidos (físico, emocional e mental).

É realmente incrível olhar para uma família transformada. Eu criei, inclusive, um movimento chamado #umafamiliadecadavez para nos lembrar sempre que uma família que é impactada pelo educador parental nunca mais será a mesma.

Estamos deixando o nosso legado e permitindo que as famílias construam o próprio legado com uma educação parental mais atual.

 Temos uma equipe preparada para te orientar no que você precisa, para descobrir qual o melhor caminho para você.

É só mandar mensagem dizendo que leu esse artigo e qual a sua intenção, que teremos o maior prazer em te orientar.

Muito obrigada pela entrevista. 

Fico feliz em contribuir. A minha missão é impactar positivamente milhares de famílias brasileiras e isso só é possível com pessoas dedicadas (como você) a exercer a educação parental.