A nova palavra do momento é Cringe! Mas, o que é Cringe e por que essa palavra virou moda de uma hora para outra?

Recentemente um embate acirrado aconteceu na Internet entre duas gerações: A geração Z e a Geração Y (também chamada de millennial),  em torno de um verbo em inglês chamado cringe, que aqui no Brasil virou uma gíria bem popular.

Antes de entender melhor esse termo, primeiro é preciso pensar sobre o porquê dividir as gerações em grupos. Você já parou para pensar nisso? Basicamente o objetivo para que gerações sejam divididas de acordo com as datas dos seus nascimentos é o de avaliar contexto, impacto econômico, cultural e relacional em um determinado período.

Diante dessa necessidade da sociedade, 4 grupos foram classificados até o momento: Baby Boomers (1946-1964), Geração X (1965-1981), Geração Y ou Millennial (1982-1999) e Geração Z (2000-2010). 

As pesquisas sobre o ano exato em que começa e termina cada geração divergem um pouco, por isso é importante considerar uma variação entre essas datas iniciais e finais.

Dos Boomers até a Geração Z

A geração dos Baby Boomers recebeu esse nome por causa do aumento no número de nascimentos de bebês após o fim da Segunda Guerra Mundial. Estamos falando de pessoas nascidas entre 1946 a 1964, acima de 56 anos que viveram o pós guerra, se sentiam responsáveis pela reconstrução do país e queriam segurança e estabilidade.

São conservadoras, valorizam o trabalho duro e permanecem em uma mesma empresa por muitos anos. Muitos fundadores e diretores de grandes empresas vieram dessa geração.

A próxima geração, nomeada de geração X, são os nascidos entre 1965 a 1981, representando pessoas em torno dos 40 e poucos anos. Parte dessa geração também viveu momentos importantes, assim como no Brasil conviveu com a ditadura e as suas consequências.

Uma geração que presenciou as tecnologias surgirem, a globalização e a abertura das fronteiras, que se encantou com o primeiro computador, com o aparelho celular e que viu a extinção da máquina de escrever, discos de vinil  e do mimeógrafo. Uma geração envolvida no conflito entre seguir os passos dos pais ou criar o próprio caminho, com menos rigidez e mais liberdade.

Pós geração X, nós entramos na era na geração Y, essa que é considerada Millennial. São pessoas nascidas entre  1982 a 1999, jovens na casa dos trinta anos e que cresceram com amplo acesso à informação, curiosos, inquietos, questionadores e amantes de desafios.

Para uma parcela das gerações anteriores, os Millennials são considerados impulsivos, difíceis de chefiar por não serem adeptos a receber ordem, egoístas e insatisfeitos. Já as pesquisas demonstram que eles são os mais criativos, preocupados com causas sociais e dispostos a quebrar padrões.

E por fim, nós temos agora a geração que vem sendo chamada de geração Z ou Alpha, os nativos digitais. São os nascidos a partir do ano 2000, jovens com menos de 23 anos e na maioria entrando agora no mercado de trabalho. Também representam os nossos adolescentes de hoje.

Ainda estamos construindo o perfil da geração Z, mas nota-se uma tendência ainda maior para a preocupação com as causas sociais, são mais abertos para as diferenças, mais impacientes e mais conectados do que nunca.

Mas, onde o termo “Cringe” entra nisso?

Vamos então ao que significa Cringe:

É um verbo americano que literalmente significa ENCOLHER-SE, mas que começou a ser usado como gíria para expressar algo que é mico, vergonhoso, brega, cafona, tosco, uó.

Acontece que a geração Z começou a usar a gíria Cringe para rotular algumas atitudes e gostos da geração Y (Millennial). Uma listinha de coisas apontam quando a pessoa é ou não Cringe, como gostar de café, usar calça skinny, falar pagar boleto ao invés de pagar conta, ter fixação pela Disney, usar sapatilhas de bico redondo, usar emojis para expressar emoção ou digitar kkkkkk ou rsrsrsrs no whatsapp, gostar de Sandy e Junior, Harry Potter ou Friends, tomar cerveja litrão, entre outros.

Os Millennials não gostaram nada de ver os seus gostos serem considerados ultrapassados e contra atacaram gerando vários memes com o termo Cringe. Essa geração usou uma marca registrada, que é a de fazer piada com o que parece incômodo.

Já alguns não gostaram da comparação e revidaram com argumentações como as abaixo:

Eu não ligo que sou Cringe, mas pelo menos as minhas aulas do ensino médio foram presenciais!

Eu sou Millennial com muito orgulho, melhor época da vida!

Artistas se pronunciando, comprando a treta, dizendo que tudo isso é besteira, adultos achando que essa geração não tem mais o que inventar, e blá-blá-blá. Até o Google, que viu aumentar a busca pelo termo, também entrou na dança, ou melhor no Twitter:

Uma briga nada Original, ou melhor, Cringe

Esse tipo de categorização existe há muito tempo, não é algo original da geração Z. Você pode não ter dito para a sua mãe que ela era Cringe, mas com certeza achava algumas atitudes e vestimentas bregas. A única diferença é que com a internet, tudo toma uma dimensão muito profunda, a uma velocidade infinitamente mais rápida.

Um exemplo de que expressões assim aparecem de tempos em tempos é uma que não bombou tanto, mas continua sendo usada: “OK Boomer”, para protestar contra os ideais de pessoas mais velhas em relação aos jovens das novas gerações, do tipo, ah OK, mas a sua ideia está ultrapassada.

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O que acontece agora é uma transição, o passar do bastão dos Millennials para a geração Z, nada que já não tenha ocorrido antes. Os millennials, até pouco tempo sinônimo de juventude, começaram a ser chamados de velhos.

E existe uma questão interna nisso tudo que é a de perceber também que o tempo passou e que novas gerações estão assumindo o protagonismo que antes era da geração anterior.

O fato é que, se você trabalha com adolescentes, se tem um filho adolescente, procure usar essas ondas a seu favor para conversar com esses jovens. Eu já sentei com a minha filha de 12 anos para saber a opinião dela sobre o que é ser ou não Cringe.

Em maior ou menor grau nós já fizemos coisas que foram vistas pelas gerações posteriores como “sem noção” ou simplesmente “cringe” e também já julgamos as gerações anteriores.

Eu, que trabalho com adolescentes, sempre busco entender essas mudanças, essas terminologias e transições para me aproximar e não para me afastar.

Então, que tal propor um debate, uma conversa sobre pontos de vistas diferentes, sobre as gerações anteriores com essa moçada?

E é sempre bom lembrar que tendência não é atestado de veracidade. Muitos da geração Z gostam das mesmas coisas dos Millennials, assim como eu (por exemplo) adoro as músicas da geração Boomers. 

E vamos viver a vida que já está bem difícil neste momento.

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