Você conhece o método Shazam e como ele pode ser útil para profissionais que atuam no coaching parental?

Algumas instituições de coaching utilizam um método chamado Shazam como carta “coringa” no processo de coaching. Embora simples, ele tem o grande objetivo de desbloquear o cliente em momentos específicos do processo, fazendo com que ele perceba e acesse informações relevantes, não por meio da mente consciente, mas sim da mente pré-consciente e da inconsciente.

No entanto, quando aplicado de forma superficial, o mesmo método parecerá um monte de perguntas superficiais e sem sentido para o contexto do atendimento.

O objetivo deste artigo não é apenas explicar superficialmente o que é o Método Shazam (isso você encontra em outros lugares), e sim traçar um paralelo seguro sobre como ele pode ser usado no âmbito do coaching parental. 

O compromisso da Parent Brasil é trazer as bases certas para o perfeito entendimento da ferramenta, e não apenas mostrar as perguntas prontas. Portanto, para que o impacto seja o esperado, é preciso que você conheça o cenário parental e o funcionamento da mente consciente e da inconsciente. Só assim você será capaz de entender como as perguntas utilizadas no Shazam podem impactar as famílias que você atende.

A dinâmica do nicho parental

Ter um filho mexe muito com as dinâmicas familiares e traz à tona questões que pareciam estar adormecidas dentro de nós. Inúmeras mães relatam que após a maternidade a visão de mundo mudou completamente, e os pais, ainda que em um ritmo pequeno, estão começando a perceber o quanto a inclusão de um novo membro mexe com as estruturas e com os relacionamentos.

Vida pós maternidade.

A sociedade se orienta hoje por um número enorme de informações. Os pais acabam buscando respostas em padrões externos e esquecendo das bases internas, constituídas das próprias experiências, do que precisam olhar e até mesmo curar no seu histórico familiar. Eles se perdem, assim como também perdem importantes referências da sua história pessoal, boas e ruins, que poderiam servir de mapa para decisões mais assertivas acerca da educação dos filhos.

Ao perder as referências, perde-se também o poder de tomar decisões positivas para questões do dia a dia familiar, o que muitas vezes ocasiona diversos conflitos. Pais que não resgatam os reais motivos de terem constituído uma família não conseguem ter forças para agir e fazer o que precisa ser feito para criar o ambiente familiar que desejam, e tendem a ter dificuldades de resolver conflitos.

Dentro do contexto familiar, é bem comum os profissionais parentais relatarem conversas como as seguintes:

  • Não consigo controlar o meu filho, ele está muito rebelde.
  • Estou exausta, não consigo dar conta de cuidar da casa, dos filhos e do trabalho.
  • Meu marido não me ajuda.
  • Meu filho está preguiçoso para os estudos.
  • Me sinto fracassada como mãe.
  • Não aprendi a ser pai.
Pais frustrados.

Essas queixas costumam ser apenas o começo. É geralmente o que o cliente consegue enxergar com os recursos que tem, embora não seja o problema mais importante a ser trabalhado.

Ao tomar conhecimento da questão que aflige o cliente, o coach parental vai aplicar uma série de ferramentas para ajudá-lo, aos poucos, a ampliar sua visão e criar novas possibilidades de resolução do problema, fazendo com que ele comece a entrar em ação gradativamente para obter resultados expressivos.

Acontece que esses resultados não vêm de uma hora para outra e, quando o cliente começa a entrar em ação, é natural que algumas justificativas e crenças surjam com bastante força:

  • Eu já tentei de tudo.
  • Não sou eu quem precisa mudar.
  • Eu não sou capaz de fazer isso.
  • Já perdi as esperanças do relacionamento melhorar.

É exatamente nesse momento no qual a ferramenta Shazam pode ser uma boa aliada para acessar a mente inconsciente do seu cliente, para que o processo não comece a tomar rumos perigosos.

Dois sinais de que o profissional parental precisa aplicar a ferramenta Shazam são:

  • O coach percebe algumas quedas no desempenho do cliente, tais como: começar a remarcar sessões, dar desculpas para tarefas não realizadas, surgimento de crenças limitantes que impedem o avanço, dar a entender que não quer mais continuar com o processo, entre outras.
  • O coach perceber, logo no início das sessões, que o cliente possui um baixo nível de motivação para entrar em ação.

O método SER, exclusivo da Parent Brasil, não compreende a ferramenta Shazam porque a mente inconsciente é constantemente acessada, especialmente na fase da Descoberta (primeiro ciclo do processo). O coach parental certificado pela Parent também aprende a medir o nível de motivação, o que garante ajustar mais rapidamente a rota.

Dificilmente o coach parental precisará de uma sessão inteira para fazer as perguntas apontadas no método Shazam (veja a seguir), porque elas estão inseridas em um contexto maior. Entretanto, se você tem outras formações mais genéricas e utiliza no processo parental ferramentas não adaptadas para esse nicho, fica a dica para usar o script de perguntas que daremos a seguir como forma de colocar o processo de coaching nos trilhos novamente.

Antes de falarmos especificamente das perguntas, é preciso que fique claro que o cliente vai chegar confuso e vai precisar da sua ajuda para ampliar o campo de visão. Quando o cliente definir o seu objetivo e entrar em ação, várias crenças podem surgir. Quando isso acontecer, o coach precisa agir para elevar o nível de motivação do cliente, caso contrário, ele começará a ter problemas de desempenho e pode comprometer os resultados.

A nossa mente

Mente humana.

Felizmente, com séculos de estudo sobre esses assuntos, primeiro por filósofos e depois também por neurologistas, neurocientistas e outros cientistas de áreas afins, agora temos uma riqueza de evidências e conceitos científicos que são completos o suficiente para formar uma teoria que possa responder a esse grande quebra-cabeças que é a nossa mente.

A mente é uma entidade não material composta de processamento de informações altamente avançadas e impossíveis de enumerar, que variam de simples a muito evoluídas.

A mente consciente

A mente consciente envolve todas as coisas das quais você está ciente e pensando atualmente. É um pouco semelhante à memória de curto prazo e é limitada em termos de capacidade. Sua consciência de si mesmo e do mundo ao seu redor faz parte de sua mente consciente.

Alguns fenômenos mentais são experimentados de forma consciente, como a visão de uma casa, o som de uma música e o odor de uma flor, que se manifestam em nossa mente e são chamados de fenômenos físicos. Eles são governados por leis físicas e são corporalmente previsíveis.

Mente consciente

A mente consciente também inclui em si experiências como sensações, percepções, memórias, sentimentos e fantasias. Na teoria psicanalítica da personalidade de Sigmund Freud, a mente consciente consiste em tudo o que está dentro da nossa consciência. Esse é o aspecto do nosso processamento mental por meio do qual podemos pensar e conversar de maneira racional.

Freud costumava usar a metáfora de um iceberg para descrever os dois principais aspectos da personalidade humana. A ponta do iceberg que aparece acima da água representa a mente consciente. 

A mente pré-consciente

Intimamente aliada à mente consciente está a mente pré-consciente, também conhecida como mente subconsciente, que inclui as coisas nas quais não estamos pensando no momento, mas que podemos atrair facilmente para a consciência.

A mente pré-consciente é uma parte da mente que corresponde à memória comum. Essas memórias não são conscientes, mas podemos recuperá-las a qualquer momento por meio de um esforço consciente.

Exemplos:

  • Se a sua formação é em humanas, pode ser que não utilize uma equação matemática faz bastante tempo, mas, se precisar ajudar seu filho no dever de casa, terá chances de conseguir relembrar como montar uma equação, se fizer algum esforço para isso.
  • Se perguntassem a você a qual programa de televisão assistiu ontem à noite ou o que você tomou no café da manhã, você retiraria essas informações do seu pré-consciente.
  • Os números do seu CPF, do seu RG, do telefone de alguém íntimo, entre outros, são exemplos de informações armazenadas em sua mente pré-consciente. Enquanto você não anda conscientemente pensando nessas informações o tempo todo, pode tirá-las rapidamente do seu subconsciente quando for solicitado a mencionar esses números.Uma maneira útil de pensar no pré-consciente é ao lembrar que ele age como uma espécie de porteiro entre as partes consciente e inconsciente da mente, permitindo que apenas certas informações passem e entrem na consciência.

Na metáfora do iceberg de Freud, o pré-consciente existe logo abaixo da superfície da água. Você pode ver a forma escura e o contorno do gelo submerso se você se concentrar e se esforçar para vê-lo.

A mente inconsciente

O que a mente consciente deseja ocultar é reprimido na mente inconsciente. Embora não tenhamos consciência desses sentimentos, pensamentos, impulsos e emoções, Freud acreditava que a mente inconsciente ainda poderia influenciar nosso comportamento.

Aquilo que se encontra no inconsciente só está disponível para a mente consciente de forma disfarçada. Por exemplo, o conteúdo do inconsciente pode se espalhar para a consciência na forma de sonhos. O inconsciente contém conteúdos inaceitáveis ​​ou desagradáveis, como sentimentos de dor, ansiedade ou conflito.

Mente inconsciente nos sonhos.

Sob a água está a maior parte do iceberg, que representa o inconsciente.

Por que é importante acessar a mente pré-consciente e a inconsciente?

Enquanto o consciente e o pré-consciente são importantes, Freud acreditava que eles eram muito menos vitais que o inconsciente. O que está oculto da consciência, ele acreditava, é o que exerceu a maior influência sobre nossas personalidades e nossos comportamentos.

Pensamentos e emoções fora de nossa consciência continuam a exercer influência sobre nossos comportamentos, como acontece com as nossas crenças. A maioria das crenças centrais é originária da infância e fica na mente inconsciente. Sem que o cliente entenda a origem dessas crenças, dificilmente ele poderá substituí-la.

Se uma mãe está enfrentando dificuldades no relacionamento com os filhos e no decorrer do processo passa a dizer que não é capaz de resolver, que se sente fracassada, entre outras coisas, sem entender como a mente inconsciente trabalha para manter essas crenças, o coach jamais conseguirá levá-la a resultados expressivos. A crença de desvalor (fracassada) pode estar diretamente associada a uma questão da infância, em que essa mãe se sentiu dessa maneira e adotou para si esse rótulo, que foi acionado com a maternidade.

Método Shazam na batalha contra a crença de desvalor.

Acessar crenças centrais requer um trabalho mais elaborado e uma metodologia específica, que é amplamente ensinada na Formação Completa Expert. Embora outras instituições coloquem que o método Shazam acessa a mente inconsciente, a nossa experiência é que essa ferramenta (quando aplicada de forma isolada) ajuda a acessar de forma mais eficaz o subconsciente. 

Afinal, como o método Shazam funciona?

Em primeiro lugar é importante ressaltar que o método Shazam é considerado uma técnica básica do coaching, composta por uma série de perguntas específicas que tem como objetivo resgatar fatos importantes da mente pré-consciente (subconsciente) e algumas vezes do inconsciente.

O grande objetivo da ferramenta é trazer para a mente consciente pontos obscuros que influenciam positivamente a vida do cliente, para que sirvam de potencializadores dos resultados esperados no processo de coaching, auxiliando também na identificação de crenças positivas ou crenças limitantes, que por sua vez devem ser trabalhadas com ferramentas específicas. Assim, por meio de perguntas poderosas, o coach desvia o foco do cliente da mente racional e direciona para o subconsciente ou para o inconsciente.

A seguir, você tem à sua disposição perguntas já adaptadas para o nicho parental, para ser utilizadas no Método Shazam:

  1. Quais foram os três fatos/dias/momentos maravilhosos/bons da sua familiar e que você vai se lembrar para sempre?
  2. Quais foram os três fatos/dias/momentos ruins/tristes da sua vida familiar?
  3. Se você pudesse voltar no tempo e escolher um desses três fatos/ dias/momentos maravilhosos, para qual você voltaria? Por quê?
  4. Se você tivesse a oportunidade de mudar um desses três fatos/dias/momentos ruins/tristes, qual seria? Por quê? Como faria diferente? 
  5. O que fez você ter filhos/casar/constituir uma família? 
  6. O que você acredita de bom sobre a maternidade/paternidade?
  7. O que ter filhos significa para você? Qual é a maior sensação de prazer na maternidade?
  8. O que você não previu sobre maternidade/casamento/relacionamento e que é um desafio?
  9. O que você quer construir com as pessoas que você ama? Quais sonhos vocês tinham quando constituíram uma família?
  10. Por que esses sonhos são importantes para você? O que conquistá-los/resgatá-los vai fazer pela sua vida?
  11. Quais são as maiores qualidades do seu filho/cônjuge?
  12. O que mais move você a fazer a sua família dar certo? Por que é importante estar aqui agora investindo para ter os relacionamentos que deseja e a família que sempre sonhou?
  13. Qual legado você quer deixar para os seus filhos? E para os seus netos? Como você quer ser lembrado quando se for?
  14. Tem mais alguma coisa que você acredita ser muito importante compartilhar comigo agora?

A simplicidade das perguntas permite que o cliente possa resgatar as principais bases que se perderam no tempo, na rotina, no piloto automático, e também avaliar as crenças que ainda impedem o cliente de construir o futuro que deseja.

E por que isso é importante? Ao resgatar os principais motivos que fizeram o cliente constituir uma família e ter filhos, o coach parental consegue ampliar a visão para o que realmente importa, que é a satisfação de ter uma família, de estarem juntos, de dar certo, de fazer acontecer para desfrutar de sonhos e criar um legado.

Método Shazam no Coaching Parental.

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