Autoestima infantil em ‘Matilda’: como a educação parental pode empoderar crianças
Desde os primeiros minutos do filme Matilda, uma coisa fica clara: o ambiente em que uma criança cresce pode influenciar profundamente sua autoestima. Criada por pais negligentes e constantemente subestimada, Matilda nos mostra como, mesmo em meio ao caos, uma criança pode florescer sua autoestima quando encontra apoio, estímulo e valorização.
A autoestimainfantil não nasce sozinha — ela é construída, tijolinho por tijolinho, a partir da forma como cuidadores, professores e adultos próximos enxergam e interagem com a criança. E Matilda, com toda sua doçura e genialidade, nos convida a refletir sobre isso com intensidade.
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Os contrastes entre a família de Matilda e a educação parental positiva
O Sr. e a Sra. Wormwood talvez sejam os piores exemplos de pais que o cinema já nos apresentou — desinteressados, agressivos e completamente alheios às necessidades emocionais da filha. Enquanto Matilda busca conhecimento, eles desprezam livros. Enquanto ela clama por atenção e reconhecimento, eles a ignoram ou zombam de sua inteligência.
Esse contraste escancara a importância da educação parental positiva. Não estamos falando de perfeição, mas sim de presença, escuta e validação. Pais que incentivam o diálogo, valorizam os sentimentos dos filhos e respeitam sua individualidade plantam as sementes da autoestima infantil.
Matilda não encontrou esse terreno fértil em casa, mas felizmente, encontrou em outro lugar.
3 estratégias para fortalecer a autoestima de crianças oprimidas
Mesmo crianças que crescem em ambientes desafiadores podem desenvolver uma autoestima sólida, especialmente se forem acompanhadas por adultos conscientes e atentos.
Aqui vão três caminhos possíveis:
1. Validação das emoções
Reconhecer o que a criança sente é fundamental para que ela desenvolva segurança emocional. Quando um adulto desacredita ou ignora o que ela está sentindo — com frases como “não foi nada” ou “você está exagerando” — ele, mesmo sem querer, transmite a mensagem de que aquelas emoções não têm valor.
Por outro lado, quando dizemos algo como “eu entendo que isso te deixou triste, quer conversar sobre isso?” ou simplesmente acolhemos com um abraço, estamos ensinando a criança a confiar nos próprios sentimentos. Isso fortalece a autoestima, pois ela passa a se sentir vista e respeitada.
Crianças como Matilda, que foram desacreditadas dentro de casa, precisam ainda mais dessa escuta acolhedora. Validar o que elas sentem é o primeiro passo para que possam reconhecer seu valor interno, independentemente do que o mundo externo diga.
2. Reforço das pequenas conquistas
A autoestima infantil se constrói também nos detalhes do cotidiano — especialmente quando um adulto consegue enxergar e valorizar esses momentos que, à primeira vista, podem parecer pequenos. A criança que resolve um problema sozinha, arruma a cama com esforço ou ajuda um colega precisa ouvir: “Você conseguiu!” ou “Gostei de como você resolveu isso!”
Não se trata de elogios vazios ou automáticos, mas de reconhecer o esforço, a criatividade, a dedicação. Quando dizemos “Uau, você pensou nisso sozinha!” ou “Essa ideia foi genial!”, estamos ajudando a criança a se enxergar como alguém capaz e inteligente. Isso tem um efeito profundo na construção da autoestima, pois ela passa a acreditar nas próprias habilidades.
Matilda tinha um universo interno riquíssimo, mas ninguém em casa enxergava isso. Quando a Srta. Honey percebe e reconhece seu potencial, é como se acendesse uma luz que já estava lá, mas precisava ser estimulada para brilhar.
3. Criação de um ambiente seguro para errar
Errar faz parte do processo de aprender e crescer — mas nem toda criança se sente segura para isso. Em ambientes autoritários, onde cada erro é punido com bronca ou humilhação, o medo de falhar bloqueia a curiosidade, a autonomia e, claro, a autoestima.
Criar um ambiente seguro para errar significa mostrar para a criança que ela será acolhida mesmo quando as coisas não saírem como o esperado. É dizer com atitudes: “Você pode tentar, e tudo bem se não der certo de primeira. Estou aqui com você.”
Matilda só conseguiu explorar sua inteligência e desenvolver seus dons porque, pela primeira vez, alguém a fez sentir que estava tudo bem errar, que ela era mais do que os seus acertos. Foi no acolhimento da Srta. Honey que ela teve liberdade para testar, arriscar e crescer — algo que nenhuma das figuras de autoridade anteriores ofereceu.
Pais, cuidadores e profissionais que oferecem esse tipo de ambiente tornam-se pontes para a criança atravessar suas inseguranças e descobrir que ela pode muito mais do que imagina.
Como a escola no filme complementa (ou falha) na educação parental
A escola de Matilda é quase um retrato caricato de extremos. De um lado, temos a temida diretora Trunchbull, que usa o medo e a repressão como ferramentas de “educação”. De outro, a Srta. Honey, que representa acolhimento, respeito e sensibilidade.
Esses dois polos refletem uma discussão muito real: a escola pode ser um espaço transformador — ou mais um ambiente de opressão.
Quando a educação formal trabalha em sintonia com a educação parental, o impacto é poderoso. A criança sente que é apoiada em diferentes contextos e começa a internalizar esse senso de valor e competência.
O papel da Srta. Honey: o adulto que empodera
A Srta. Honey é o contraponto necessário na vida de Matilda. Ao notar seu potencial, ela não apenas estimula sua inteligência, mas, sobretudo, mostra que acredita nela. Esse simples gesto — acreditar — é um dos pilares mais fortes para a construção da autoestima infantil.
A mensagem aqui é clara: não importa o quão difícil seja o cenário, um único adulto presente, atento e empático pode ser a virada de chave para uma criança.

Autoestima e autonomia: lições para profissionais e pais
Mais do que uma história encantadora, Matilda é um convite para todos nós — pais, cuidadores, professores e profissionais da área da infância — a refletirmos sobre o nosso papel na formação da autoestima de uma criança.
Promover autoestima não é mimar. É dar espaço para que a criança se sinta capaz, segura e pertencente. E a autonomia vem como consequência direta disso.
Autonomia se constrói quando permitimos que as crianças tomem pequenas decisões, expressem seus pensamentos, experimentem com segurança. Não se trata de deixar “fazer o que quiser”, mas de guiar com firmeza e afeto — um dos pilares do que praticamos aqui na Parent Coaching.
Por que falamos tanto sobre autoestima?
Porque ela é o alicerce de tudo. Uma criança com autoestima bem desenvolvida enfrenta desafios com mais confiança, lida melhor com frustrações e constrói relações mais saudáveis. É por isso que defendemos uma educação parental que não se limita a regras, mas que cultiva vínculos, escuta e presença real.
Em Matilda, a jornada da protagonista mostra como a autoestima pode resistir — e florescer — mesmo nos solos mais áridos. Mas a mensagem principal é: não precisa ser tão difícil assim.
Com consciência, apoio e ferramentas adequadas, nós podemos criar ambientes onde cada criança sinta que vale a pena ser quem é. E isso, para nós, é transformar o mundo uma família por vez. Enfim, explore mais reflexões sobre autoestima e educação parental aqui.