Autoestima infantil: como os pais constroem (ou destroem) desde cedo
Nem sempre uma criança com autoestima baixa vai dizer que não se sente bem consigo mesma. Na verdade, os sinais aparecem nos detalhes: recusa em tentar coisas novas, medo excessivo de errar, comparação constante com os outros, autocrítica exagerada ou até mesmo o famoso “eu sou burro” após uma simples correção.
Leia mais: Autoestima infantil: como os pais constroem (ou destroem) desde cedoÀs vezes, ela evita interações sociais ou desiste facilmente de atividades que exigem algum esforço. O problema é que esses comportamentos podem passar despercebidos ou, pior, serem interpretados como “preguiça”, “manha” ou “drama”. Por isso, atenção: a autoestima infantil é uma construção delicada. E, antes de tudo, começa dentro de casa.
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Autoestima infantil e os erros dos pais bem-intencionados
Muitos pais, mesmo com as melhores intenções, acabam prejudicando a autoestima infantil sem perceber. Isso acontece, por exemplo, quando a criança é constantemente interrompida, quando os sentimentos dela são invalidados (“isso é bobagem”) ou quando tudo vira motivo de correção. A intenção pode ser proteger ou ensinar, mas o efeito pode ser o oposto: a criança passa a acreditar que não pode confiar em si mesma.
Outro erro comum é a superproteção. Quando os pais evitam qualquer dor, frustração ou esforço da criança, ela cresce com a falsa ideia de que não é capaz de lidar com desafios. E mais: passa a depender da intervenção dos adultos para resolver os próprios problemas.
A autoestima infantil não se fortalece com excesso de elogios ou proteção, mas sim com vivências reais. Cair, errar, tentar de novo, se frustrar — tudo isso faz parte de um processo saudável de amadurecimento emocional. O papel dos pais é estar por perto, mostrando que é possível errar e seguir em frente, não impedir que os erros aconteçam.
O papel dos pais no desenvolvimento da autoconfiança
Os pais são os primeiros espelhos emocionais da criança. Se ela se sente amada, aceita e segura, a autoconfiança infantil floresce. Mas quando o lar se torna um ambiente de cobrança excessiva, críticas constantes ou expectativas inalcançáveis, ela pode aprender que nunca será boa o suficiente.
Claro que não estamos falando de passar a mão na cabeça ou evitar frustrações a todo custo. O segredo está no equilíbrio: acolher sem superproteger, orientar sem controlar e permitir que a criança erre — e aprenda com isso.
É justamente aí que entra a parentalidade consciente: enxergar a criança como um ser em formação, com sentimentos legítimos, limites reais e um potencial enorme a ser lapidado com presença, escuta e validação.
Pais presentes constroem adultos mais seguros
Estudos mostram que a qualidade do vínculo afetivo com os pais impacta diretamente na forma como a criança lida com desafios na vida adulta. Isso significa que aquela conversa depois do banho, aquele abraço inesperado ou o apoio diante de um erro podem ecoar por décadas na autoconfiança do seu filho.
Como a autoestima infantil se fortalece com limites claros
Pode parecer contraditório, mas crianças se sentem mais seguras quando sabem até onde podem ir. Limites saudáveis ajudam a formar uma autoestima estruturada, pois mostram que há ordem, previsibilidade e cuidado por parte dos adultos.
A ausência de limites deixa a criança confusa e até insegura, como se estivesse sozinha para lidar com um mundo imprevisível. Já regras rígidas demais, impostas com autoritarismo, também ferem a autoestima, pois transmitem a mensagem de que ela só é aceita se obedecer sem questionar.
O caminho do meio está no diálogo. Quando os pais estabelecem limites com firmeza e afeto, eles mostram que a criança é respeitada e, ao mesmo tempo, responsável por suas escolhas. Isso fortalece a autoconfiança infantil e ensina habilidades fundamentais para a vida: saber ouvir, respeitar o outro, lidar com frustrações e confiar em si mesma.
Como elogiar de forma construtiva e verdadeira
Elogios podem ser ferramentas poderosas de construção emocional — ou armas silenciosas de pressão. Tudo depende de como são usados. Quando você diz “você é o mais inteligente da turma”, por exemplo, pode parecer incentivo, mas esconde uma armadilha: o medo de não estar à altura desse rótulo no futuro.
Por outro lado, elogios focados no esforço (“Você se dedicou muito nesse desenho!”) ajudam a criança a entender que o valor está na jornada, não só no resultado.
Dicas de ouro para elogiar com consciência:
- Seja específico: “Adorei como você organizou seus brinquedos sozinho” é melhor do que um genérico “Parabéns”.
- Valorize o processo, não apenas o talento.
- Elogie atitudes que reflitam valores: empatia, persistência, honestidade.
O perigo dos elogios vazios
Quando os pais exageram nos elogios, a criança pode ficar dependente dessa validação constante. Em vez de desenvolver autoconfiança, ela passa a agir em busca de aprovação externa, o que enfraquece sua autoestima em longo prazo.

Frases que empoderam (e frases que sabotam)
Nem toda frase de amor é fortalecedora, e nem toda bronca é destrutiva. O que define o impacto emocional é o tom, a repetição e o contexto. Aqui vão alguns exemplos para colocar em prática, ou repensar.
Frases que empoderam:
- “Você pode errar e continuar sendo incrível.”
- “Eu confio que você vai encontrar uma solução.”
- “Se precisar de ajuda, estou aqui.”
- “Você é importante para mim, mesmo quando as coisas não saem como esperávamos.”
Frases que sabotam:
- “Deixa que eu faço, você vai demorar demais.”
- “Você é sempre assim, nunca aprende.”
- “Por que você não pode ser como seu irmão?”
- “Se continuar desse jeito, ninguém vai gostar de você.”
Essas falas, quando repetidas, vão minando a autoconfiança infantil e moldando uma autoimagem frágil, que pode levar anos (ou uma vida inteira) para ser reconstruída.
Autoestima: uma construção diária feita em conjunto
A autoestima infantil não nasce pronta — ela é esculpida aos poucos, no dia a dia. E os pais têm um papel essencial nesse processo. Não se trata de acertos perfeitos, mas de presença intencional, palavras conscientes e disposição para crescer junto com os filhos.
Na Parent Coaching, sabemos que educar é, também, se educar. Por isso, estamos aqui para ajudar você a entender como cada gesto, cada frase e cada escolha afeta a percepção que seu filho terá sobre si mesmo.
Sim, é possível criar uma base sólida de amor, segurança e autoconfiança sem fórmulas mágicas, só com conexão verdadeira. E isso impacta diretamente na autoestima das crianças.