A separação dos pais é um momento de grandes desafios, não apenas para o casal, mas, e principalmente, para os filhos. Em meio às complexidades emocionais e logísticas, um pilar fundamental emerge para garantir a saúde mental e o bem-estar das crianças: a escuta ativa

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Longe de ser apenas “ouvir”, a escuta ativa é uma ferramenta poderosa que permite que os pais compreendam verdadeiramente as necessidades, medos e desejos de seus filhos e de si mesmos, construindo uma base sólida para um ambiente emocional saudável após separação.

Na Parent Coaching, compreendemos que o papel dos pais vai além da convivência diária, estendendo-se à forma como se comunicam e se relacionam, especialmente em contextos de co-parentalidade. Manter um ambiente de respeito e compreensão mútua é essencial para que os filhos se sintam seguros e amados, independentemente da configuração familiar.

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Saiba como suavizar os efeitos da separação nos filhos. / Foto: Unsplash

Os efeitos da separação nos filhos (e como suavizá-los)

A notícia da separação dos pais pode ser avassaladora para uma criança. Ela pode experimentar uma gama de emoções, desde tristeza e raiva até confusão e ansiedade. No entanto, é crucial entender que o impacto mais prejudicial na vida dos filhos não é necessariamente a separação em si, mas sim o nível de conflito e a falta de comunicação funcional entre os pais após ela. 

Quando o ambiente parental se torna um campo de batalha, as crianças são as principais vítimas, desenvolvendo problemas emocionais, comportamentais e até acadêmicos. Para suavizar esses efeitos, os pais precisam priorizar o bem-estar dos filhos acima de suas próprias mágoas e desentendimentos. Isso significa criar uma frente unida, mesmo que separados, para as decisões importantes que afetam a vida das crianças. A escuta ativa desempenha um papel vital aqui. 

Ao ouvir genuinamente o que os filhos têm a dizer sobre seus sentimentos e preocupações em relação à separação, os pais podem validar suas emoções, oferecer conforto e garantir que eles se sintam vistos e compreendidos. A criação de rotinas claras e a manutenção de uma comunicação consistente sobre a nova estrutura familiar também ajudam a construir segurança.

O impacto da estabilidade emocional parental

Filhos de pais que conseguem manter a estabilidade emocional, mesmo após a separação, tendem a adaptar-se melhor à nova realidade. Isso se reflete na capacidade dos pais de gerenciar seus próprios sentimentos e de se comunicarem de forma respeitosa sobre os assuntos das crianças. 

Ao demonstrar resiliência e foco nas necessidades dos filhos, os pais os ensinam valiosas lições sobre adaptação e superação, minimizando o estresse e a incerteza.

Como manter o diálogo entre co-responsáveis

A comunicação entre pais separados é, sem dúvida, um dos maiores desafios. Mágoas passadas, ressentimentos e diferenças de opinião podem facilmente escalar para discussões que prejudicam o propósito maior: a criação saudável dos filhos. A escuta ativa se torna, nesse cenário, um farol, orientando o diálogo para a cooperação e o respeito mútuo.

Manter o diálogo exige disciplina e foco. Quando um dos pais está falando, o outro deve se esforçar para ouvir com a intenção de compreender, não de refutar ou julgar. Isso significa prestar atenção à linguagem corporal, ao tom de voz e às palavras, buscando a mensagem por trás delas. 

O objetivo não é concordar sempre, mas sim garantir que ambos se sintam ouvidos e que as decisões sejam tomadas com base no melhor interesse da criança.

Técnicas de Escuta Ativa para pais separados:

  1. Ouça para entender, não para responder: Resista à tentação de interromper ou formular sua resposta enquanto o outro fala. Concentre-se em absorver as informações.
  2. Valide os sentimentos: Mesmo que você não concorde com a perspectiva do outro, valide seus sentimentos. Frases como “Eu entendo que você se sinta frustrado com isso” podem desarmar a tensão.
  3. Faça perguntas abertas: Em vez de perguntas que levam a um “sim” ou “não”, use “o que”, “como” e “por que” para encorajar uma comunicação mais profunda.
  4. Resuma e parafraseie: Repita o que você ouviu com suas próprias palavras para garantir que entendeu corretamente. “Então, o que você está me dizendo é que…”
  5. Defina limites de comunicação: Se a conversa começar a se desviar para tópicos de conflito pessoal, redirecione-a gentilmente para o assunto da criança e, se necessário, pause e retome mais tarde.

Evitando manipulação emocional nas conversas com a criança

Um dos maiores perigos para os filhos de pais separados é serem inadvertidamente (ou, em casos piores, deliberadamente) colocados no meio de conflitos, tornando-se mensageiros ou, pior, alvos de manipulação emocional. Isso ocorre quando um dos pais fala mal do outro, tenta obter informações sobre a vida do ex-parceiro através da criança, ou usa a criança para obter vantagens em negociações. 

Tais comportamentos são extremamente prejudiciais para o desenvolvimento psicológico da criança, gerando lealdade dividida, culpa e confusão.

A escuta ativa com a criança aqui significa dar-lhe voz e espaço para expressar seus sentimentos sem ter que tomar partido. Os pais devem assegurar que a criança sinta que tem permissão para amar ambos os pais e que não precisa esconder nada de um para agradar o outro. Quando a criança relata algo sobre o outro genitor, a resposta do pai que ouve deve ser neutra e focada no bem-estar da criança, sem críticas ou julgamentos.

O papel do adulto como facilitador, não intermediário

Os pais devem atuar como facilitadores da vida da criança, não como seus intermediários em disputas. Se houver uma mensagem a ser transmitida ao outro genitor, os adultos devem se comunicar diretamente, e não usar a criança como portador de recados. 

A criança precisa saber que suas emoções são válidas e que ela não é responsável pelos sentimentos ou problemas de seus pais. A escuta ativa ajuda os pais a identificar quando a criança está sob pressão e a intervir de forma saudável para protegê-la.

A escuta como ponte para criar em harmonia

A escuta ativa transcende a mera técnica de comunicação; ela é uma filosofia de relacionamento. Em um contexto de separação dos pais, ela se torna a ponte mais sólida para a construção de uma co-parentalidade harmoniosa. Ao se dedicarem a ouvir verdadeiramente seus filhos e seus ex-parceiros (no que diz respeito aos filhos), os pais demonstram respeito, empatia e compromisso com o bem-estar da prole.

Essa abordagem não apenas minimiza o conflito e a dor para as crianças, mas também estabelece um modelo de comunicação saudável para elas replicarem em suas próprias vidas futuras. As crianças aprendem pelo exemplo, por isso é importante ouvir, negociar e resolver conflitos de forma construtiva. Este é um legado que impacta não apenas a família imediata, mas também as futuras gerações.

Investir na capacidade de praticar a escuta ativa é investir na saúde emocional de todos os envolvidos. É reconhecer que, embora o casamento tenha chegado ao fim, a parentalidade continua, e com ela, a responsabilidade de nutrir e proteger os filhos, garantindo que cresçam em um ambiente de amor, segurança e compreensão.

Aprender a aprimorar suas habilidades de escuta ativa pode transformar a sua experiência de co-parentalidade e o futuro de sua família.

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